Refletir sobre ética jurídica não precisa se limitar à leitura de códigos ou manuais. Pelo contrário, obras cinematográficas podem oferecer uma abordagem criativa e acessível aos dilemas morais enfrentados diariamente por advogados, magistrados e operadores do Direito. Assim, selecionamos três filmes que, além de envolventes, trazem contribuições reais para o debate ético na prática jurídica.
1. O Veredito (The Verdict, 1982) – Sidney Lumet

Por que assistir:
Neste clássico, acompanhamos Frank Galvin, um advogado desacreditado que vê em um caso de erro médico a chance de recuperar sua carreira. No entanto, à medida que o processo avança, ele se depara com uma decisão ética incontornável: aceitar um acordo milionário ou buscar a verdade, mesmo contra os interesses da Igreja e do sistema hospitalar. Assista no Disney+.
Conexão com a ética jurídica:
A trama expõe, com precisão, o conflito entre pragmatismo e compromisso moral. Além disso, levanta questões sobre a lealdade ao cliente, a responsabilidade perante a sociedade e o papel do advogado como agente da justiça e não mero executor de vontades alheias.
Discussões que o filme permite:
- O dever de diligência versus a conveniência institucional
- A autonomia moral do advogado diante de estruturas de poder
- Integridade profissional como elemento central da advocacia
2. O Advogado do Diabo (The Devil’s Advocate, 1997) – Taylor Hackford

Por que assistir:
Com uma dose de fantasia e crítica ácida, o filme mostra Kevin Lomax, um jovem e promissor advogado criminalista que é recrutado por um grande escritório de Nova York. No entanto, o que começa como um sonho de sucesso rapidamente se transforma em um dilema ético profundo, à medida que ele percebe estar abrindo mão de seus princípios em nome da ambição. Assista na HBO Max.
Conexão com a ética jurídica:
Embora alegórico, o enredo ilustra com clareza o risco de erosão ética na prática jurídica de alta performance. Ademais, o filme denuncia a banalização da responsabilidade moral em contextos corporativos, onde o resultado muitas vezes prevalece sobre a retidão.
Discussões que o filme permite:
- Até onde vai o dever de defesa no processo penal?
- A vaidade como fator de vulnerabilidade ética
- Pressões institucionais e seus efeitos na tomada de decisão moral
3. 12 Homens e uma Sentença (12 Angry Men, 1957) – Sidney Lumet

Por que assistir:
Apesar de não se passar em um tribunal, o filme retrata um júri popular que precisa decidir sobre a condenação de um adolescente acusado de homicídio. Inicialmente, onze jurados estão convictos da culpa, mas um deles insiste em discutir as evidências com mais rigor. O que se segue é uma análise minuciosa sobre o peso da dúvida, a escuta ativa e o dever de justiça. Assista na Prime Video.
Conexão com a ética jurídica:
A obra mostra como a integridade de um único indivíduo pode influenciar positivamente todo um sistema. Portanto, destaca valores essenciais como a presunção de inocência, o respeito ao contraditório e a importância da ponderação ética, inclusive fora da atuação profissional tradicional.
Discussões que o filme permite:
- O papel da dúvida razoável como freio à injustiça
- Ética na deliberação coletiva e responsabilidade individual
- O valor da coragem moral diante da maioria