O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se empresas extintas podem compensar 100% dos prejuízos fiscais acumulados no cálculo do IRPJ e da CSLL. A decisão terá repercussão geral, ou seja, afetará todas as empresas em situações semelhantes.
Portanto, o julgamento pode mudar completamente a forma como negócios encerram suas atividades no Brasil. Além disso, pode influenciar o planejamento tributário de empresas em liquidação.
O que está em jogo no processo
Atualmente, a legislação tributária estabelece que a compensação de prejuízos fiscais seja limitada a 30% do lucro real de cada período. Essa regra, prevista no artigo 15 da Lei nº 9.065/1995, foi criada para evitar que empresas zerem os tributos por tempo indeterminado.
No entanto, quando a empresa está em processo de extinção, essa limitação pode resultar em perda definitiva de crédito fiscal. Afinal, não haverá mais lucros futuros para compensar os valores excedentes. Por isso, o caso gerou um intenso debate sobre a constitucionalidade da norma.
Nesse contexto, o STF analisará se a regra fere os princípios da capacidade contributiva, da isonomia tributária e da vedação ao confisco. Assim, o resultado do julgamento será essencial para definir a interpretação correta nesses casos.
Entenda o caso que motivou o recurso
Uma empresa incorporadora, ao encerrar suas atividades, solicitou o uso integral dos prejuízos fiscais acumulados. O objetivo era abater os tributos devidos no momento do encerramento. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) aceitou o pedido. No entanto, a União recorreu da decisão.
A Procuradoria argumenta que a regra dos 30% deve ser aplicada de forma geral, inclusive quando a empresa está sendo encerrada. O tema chegou ao STF, onde o ministro Luís Roberto Barroso, relator do processo, reconheceu a repercussão geral. Segundo ele, a controvérsia ultrapassa o interesse da empresa envolvida e afeta diretamente o sistema tributário brasileiro.

Por que o julgamento importa para as empresas?
Caso o STF permita a compensação total, empresas que encerram suas atividades poderão recuperar integralmente seus créditos fiscais. Com isso, o impacto financeiro da extinção será reduzido. Além disso, haverá mais segurança jurídica para quem está planejando fechar um negócio.
Por outro lado, se a Corte mantiver a limitação de 30%, empresas em extinção perderão parte de seus prejuízos acumulados. Isso pode tornar o encerramento mais oneroso, principalmente para aquelas que já enfrentam dificuldades financeiras.
Consequentemente, o julgamento se torna estratégico para o ambiente de negócios. Ele também traz reflexos diretos na forma como escritórios de contabilidade, consultorias e advogados tributaristas orientam seus clientes em processos de encerramento.
Impactos no planejamento tributário e na jurisprudência
Independentemente do resultado, a decisão do STF servirá como referência para todo o Judiciário. Além disso, definirá os limites legais da compensação de prejuízos fiscais em diferentes contextos.
Por isso, empresas em fase de liquidação, reorganização ou dissolução voluntária devem acompanhar de perto o julgamento. A decisão poderá alterar estratégias de longo prazo e influenciar diretamente o cálculo de tributos no momento final da atividade empresarial.
Fonte: Migalhas