A Justiça de Goiás decidiu que um candidato aprovado em concurso público poderá ser reclassificado após desistir da posse para cuidar da mãe com câncer. A medida respeita o contexto familiar delicado e mostra que o Judiciário pode aplicar as regras com equilíbrio e bom senso.
Situação excepcional motivou a desistência
O candidato havia conquistado o 12º lugar no concurso da Prefeitura de Britânia (GO), para o cargo de motorista de transporte escolar. No entanto, logo após a aprovação, sua mãe recebeu o diagnóstico de câncer. Como ela passou a depender de cuidados constantes, ele optou por priorizar a saúde dela.
Nesse momento, ele procurou a Secretaria de Educação e solicitou duas opções: mais prazo para tomar posse ou a chance de ser reclassificado ao final da lista. Contudo, a Prefeitura negou ambos os pedidos. Sem alternativa, ele desistiu formalmente da vaga.
Candidato recorreu à Justiça e obteve vitória
Tempos depois, já em uma situação mais estável, o candidato buscou a Justiça para retomar o direito à vaga. O caso ficou sob responsabilidade do juiz substituto Caio Tristão de Almeida Franco, da Vara Única de Aruanã.
Durante a análise, o magistrado ressaltou que, embora o edital previsse a perda da vaga por ausência na posse, não havia nenhuma proibição expressa quanto à reclassificação voluntária. Além disso, ele considerou que o motivo apresentado era legítimo, grave e fora do controle do candidato.
Por isso, com base em princípios como razoabilidade, legalidade e proteção à confiança, o juiz autorizou que o candidato fosse reclassificado ao final da lista, sem que isso gerasse obrigação imediata de nomeação ou prejudicasse os demais concorrentes.
Decisão reforça equilíbrio entre normas e realidade
Dessa forma, a decisão reforça a ideia de que o Poder Judiciário deve considerar o contexto de cada caso. Situações pessoais graves, como cuidar de um parente com câncer, não devem resultar em exclusão definitiva de concursos públicos.
Além disso, ao permitir a reclassificação, a Justiça demonstra que é possível seguir as regras sem ignorar os princípios da dignidade humana e do bom senso.
Por fim, esse caso pode servir como referência para outras pessoas em situações semelhantes, mostrando que é possível buscar soluções justas mesmo diante das exigências dos concursos públicos.
Fonte: Migalhas