O Supremo Tribunal Federal (STF) reforçou, nesta terça-feira (14/5), uma diretriz essencial para o sistema de Justiça criminal: o testemunho de policiais, por si só, não basta para condenar um réu. A decisão ocorreu durante o julgamento de um habeas corpus na 1ª Turma da Corte. Na ocasião, os ministros analisaram um caso de tráfico de drogas em que a sentença se apoiava exclusivamente em declarações de agentes da polícia.
Como resultado, o STF anulou a condenação. Segundo o relator do processo, ministro Luiz Fux, a ausência de outras provas compromete o equilíbrio processual e fere garantias constitucionais. Assim, o tribunal reafirmou que é necessário um conjunto probatório mais robusto.
Afinal, por que só o testemunho não basta?
Antes de tudo, é importante destacar que o depoimento de policiais não deve ser descartado automaticamente. No entanto, quando ele aparece como única base da acusação, o risco de erro judicial aumenta consideravelmente. Por isso, o STF entende que é fundamental apresentar provas complementares — como perícias, registros, testemunhas neutras ou objetos apreendidos.
Além disso, a exigência de múltiplas evidências fortalece o direito à ampla defesa e ao contraditório, pilares do processo penal brasileiro.
Decisão segue entendimento já consolidado
Por outro lado, essa decisão não representa uma novidade isolada. Pelo contrário, ela segue a linha de diversas decisões anteriores do próprio STF e também do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ambos os tribunais têm reforçado que testemunhos policiais, embora válidos, não substituem provas concretas.
Consequentemente, condenações baseadas apenas nesses relatos podem ser anuladas, como ocorreu neste caso.
Garante-se, assim, o direito à defesa plena
Além das questões probatórias, o STF enfatizou outro ponto crucial: o direito de o réu confrontar as provas apresentadas contra si. Quando apenas policiais prestam depoimento, sem contraditório efetivo, o processo perde legitimidade. Portanto, para que uma condenação seja válida, é necessário garantir que todas as partes tenham acesso justo aos elementos do caso.
E quais são os efeitos práticos?
Em resumo, a decisão do STF serve como um alerta aos juízes de primeira e segunda instância. A partir de agora, é preciso redobrar a atenção ao avaliar a solidez das provas apresentadas no processo penal. A condenação de um cidadão exige mais do que suposições ou relatos isolados — exige um conjunto de evidências que resista à análise técnica e jurídica.
Com isso, o STF reafirma seu compromisso com os princípios constitucionais e contribui para uma Justiça mais justa e equilibrada.
Fonte:Consultor Jurídico (ConJur)
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